XII. Ternura

Ele tinha um daqueles nomes muito simples. Tipicamente português. Era como Manuel, ou Joaquim. Ou José.
Não interessa!
O que importa é que ele era assim, feito de simplicidade. Tanto nas palavras como nos movimentos. Não ia com muitas coisas; preferia beber água da torneira e não se preocupava com as capas dos livros.
Mas ai de quem lhe vincasse uma página!
E, ainda assim, era muito senhor de si mesmo. Queria que o mundo fosse como ele o descrevia. Queria governar o país!
Onde já se viu? Alguém tão inteligente a meter-se na política…
Ele queria mundos e fundos, no que toca a sonhos e vontades.
Ui, se queria!
Claro está, falhava. E pecava por decidir falhar sozinho. Sem pedir a alguém que lhe segurasse nas pontas enquanto desfazia os nós. Pecava (e falhava) por deitar de parte os únicos sorrisos que nunca lhe foram oferecidos de má vontade.
Vivia sozinho por negar a ternura dos braços de quem, no mundo, mais o queria abraçar.
Talvez, um dia, aquele homem de nome comum aprenda a deixar-se ser abraçado.

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Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.