XVII. Mentira

Ai quem me dera uma feliz mentira
que fosse uma verdade para mim!
                                               J. Dantas 

 Tu julgas que eu não sei que tu me mentes
Quando o teu doce olhar pousa no meu? 
Pois julgas que eu não sei o que tu sentes? 
Qual a imagem que alberga o peito meu? 

Ai, se o sei, meu amor! Em bem distingo 
O bom sonho da feroz realidade... 
Não palpita d´amor, um coração 
Que anda vogando em ondas de saudade! 

Embora mintas bem, não te acredito; 
Perpassa nos teus olhos desleais 
O gelo do teu peito de granito... 

Mas finjo-me enganada, meu encanto, 
Que um engano feliz vale bem mais 
Que um desengano que nos custa tanto!

Florbela Espanca, in A Mensageira das Violetas

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L.C.