O sangue sabia a vinho e, mais do que nunca, atrevi-me a galáxias de embriaguez e paradoxos de timbres que nunca havia testemunhado.
Talvez fosse o cetim uma parte de mim; aquela parte que sonhava com cascatas de doces néctares, quentes e tropicais, sonhava com céus sem nuvens, com luares pausados onde toda a radiância não era mais do que uma espécie de caixinha mágica onde cabia todo o meu passado. Melhor do que isso: caberia todo o meu futuro.
Não sei se sinto, se já ardi, se carpi tudo o que devia; se envenenei o olhar dele, se explorei o sal da sua pele. Não sei se os vapores dele ainda me provocam o êxtase de sempre.
O céu queima, o papagaio caiu, a minha consciência arruinou-me. Descanso agora sobre peitos queimados, respirações cessadas, alimentada por anjos que dormem, secando em rochas quentes.
Suspirei tudo. Vi tudo. Sou marinheiro. Sou raposa. Acendi o fogo, queimei o iceberg, inalei a cocaína e o enxofre.

Estamos cobertos de gelo. Somos túmulos atrás de nós.

2 comentários:

Anónimo disse...

Suponho que por catarse, tédio, ansiedade, ou um misto dos três. A qualidade dos teus posts varia imenso e a esquizofrenia é uma tua imagem de marca. É portanto difícil pôr-te um rótulo. Isso, ou passas demasiado tempo na internet, e é demasiado fácil criar um blogue simplesmente porque sim.

Anónimo disse...

Sim, deves ter razão. Agora que penso nisso, o tempo, o espaço, que ele ocupa e a atenção que lhe damos chega por vezes a rivalizar com outras coisas, vá, ditas importantes, e neste caso, uma casa. Sem contudo se tornar um fardo, apesar de ser um compromisso connosco, que para fazer BEM não deve ser quebrado. Pois... racicínios destes, logo agora que estava a pensar abandoná-lo.

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Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.